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"É hip hop na minha embolada": o salto espetacular do break ao mangue dos jovens Chico Vulgo e Jorge dü Peixe – Recife, 1984-1994

Tipo de documento:
Tese de Doutorado

Autor:
Nascimento, Francisco Gerardo Cavalcante do

Orientador:
Paranhos, Adalberto de Paula

Local:
UFU/MG - DH

Data:
2019

Publicação - Livros / Artigos

Palavras-chave:
MangueBit Recife Contra-espetáculo 1980 e 1990
Chico Vulgo (Science)

Resumo:
Resumo: Texto em formato digital: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/26909

A tese procura evidenciar que o MangueBit se constituiu como um contraespetáculo no Recife em meados da década de 1980 e início de 1990. Seu fio condutor é direcionado para as traje-tórias artísticas dos jovens Chico Vulgo (ou Science) e Jorge dü Peixe no período por nós consi-derado como pré-MangueBit, numa época em que o Recife atravessava uma profunda crise soci-al e econômica, a ponto de o Population Crisis Commitee, sediado em Washington (EUA), cata-logá-lo como uma das piores cidades para se viver no mundo. A capital dos pernambucanos ofe-recia poucas perspectivas de vida para seus habitantes mais pobres, em especial para a juventu-de da periferia. A gangue de dança Legião Hip Hop, do bairro de Rio Doce, em Olinda, e as ban-das formadas nos anos seguintes (Orla Orbe, Bom Tom Rádio, Loustal, Chico Science e Lamento Negro) serviram de roteiro e foram fundamentais para traçarmos o caminho seguido por uma parcela desses jovens que desenvolveram uma noção de pertencimento e reconfiguraram espa-cialidades e sociabilidades com o Recife. Para tal empreitada, as concepções oriundas das carto-grafias culturais e afetivas sustentaram nossa ideia de que a música foi responsável pela forma como Chico Vulgo e Jorge dü Peixe percorreram o trajeto da periferia ao centro, não como coadjuvantes ou mão de obra barata, mas como protagonistas de suas próprias histórias. Em meio à análise aqui realizada, exploramos elementos que representaram, do nosso ponto de vista, cenas culturais de um contraespetáculo, presentes, por exemplo, na indumentária evi-denciada como algo vivo, portadora de carga simbólica singular, associando-a aos parangolés de Hélio Oiticica Como ápice do contraespetáculo enveredamos pelo exame das contradições a entre o secular e o contemporâneo, entre o tradicional e o internacional, contenda com que o MangueBit lidou como algo positivo para a fomentação, propagação e consolidação da sua mo-vimentação, ao colocar frente a frente o Recife oficial e o Recife real dos mocambos, maracatus e do break.

Fontes:
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Músicas:
“A cidade” (Chico Science), Chico Science & Nação Zumbi. CD Da lama ao caos.
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“Antene-se” (Chico Science), Chico Science & Nação Zumbi. CD Da lama ao caos.
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“Banditismo por uma questão de classe” (Chico Science & Nação Zumbi), Chico Science
& Nação Zumbi. CD Da lama ao caos. Chaos/Sony, 1994.
“Boa Noite do Velho Faceta – Amor de criança” (Velho Faceta), O pastoril do Velho
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“Cidade estuário” (Fred 04), Mundo Livre S/A. CD Samba Esquema Noise. Banguela
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“Corpo de lama” (Chico Science & Nação Zumbi), Chico Science & Nação Zumbi. CD
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“Etnia” (Chico Science & Nação Zumbi), Chico Science & Nação Zumbi. CD
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“Jornal da morte” (Pixel 3.000/Tocaia), Nação Zumbi. CD Rádio S. Amb. A: serviço
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“Maço” (Chico Science), Chico Science & Nação Zumbi. CD Afrociberdelia.
Chaos/Sony, 1996.
“Manguetown” (Chico Science, Dengue e Lúcio Maia), Chico Science & Nação Zumbi.
CD Afrociberdelia. Chaos/Sony, 1996.
“Maracatu de tiro certeiro” (Jorge dü Peixe), Chico Science & Nação Zumbi. CD Da lama
ao caos. Chaos/Sony, 1994.
“Matheus Enter” (Chico Science & Nação Zumbi), Chico Science & Nação Zumbi. CD
Afrociberdelia. Chaos/Sony, 1996.
“Rios, pontes e overdrives” (Otto, Fred 04 e Chico Science), Chico Science & Nação
Zumbi. CD Da lama ao caos. Chaos/Sony, 1994.
“Samba de lado” (Chico Science & Nação Zumbi), Chico Science & Nação Zumbi. CD
Afrociberdelia. Chaos/Sony, 1996.
“Um passeio no mundo livre” (Chico Science, Dengue, Lucio Maia, Gira, Jorge dü Peixe
e Pupilo), Chico Science & Nação Zumbi. CD Afrociberdelia. Chaos/Sony, 1996.
“Zulus on a time bomb” (Malcolm McLaren), Malcolm McLaren. Single Soweto.
Charisma Records, 1983.
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Entrevistas
DJ Dolores. Fortaleza, 12 mar. 2010.
Fábio Luna (DJ Spider). Recife, 10 jan. 2015.
Fred 04. Fortaleza, 1 out, 2009.
Gilmar Bola Oito. Olinda, 27 nov. 2017.
Jorge dü Peixe. Olinda, 12 jan. 2015.
Mabuse. Recife, 28 nov. 2017.
Renato L. Recife, 12 jan. 2006.
Sandro Pontes. Olinda, 17 jan. 2006.
Zé Brown. Recife, 10 fev. 2012.
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Iconográficas
Capa do LP Partido alto. Som Livre, 1984.
Cartaz de show da banda Orla Orbe no espaço Arte Viva, 4 fev. 1988.
Cartaz do show de lançamento de Chico Science e Lamento Negro, 1991.
Cartaz do show Viagem ao centro do mangue, 1992.
Chamagnatus granulatus sapiens. Hélder Aragão de Melo (DJ Dolores). In: Chico
Science & Nação Zumbi. Da lama ao caos. CD Chaos/Sony, 1994 (encarte).
Foto de Chico Science, Mabuse, Jorge dü Peixe em Olinda, 1988.
Foto do ensaio da banda Loustal no Centro Daruê Malungo, 1989.
Meninos do Recife. Abelardo da Hora, 1962.
Parangolés, de Hélio Oiticica, 1967.
Somtrês, n. 73, abr. 1985.
Terra nua, ser mutante (cartaz de show), 1982-1983.
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Jornalísticas
Diário de Pernambuco, 1980-1997.
Jornal do Commercio, 1980-1997 e 9 ago. 2015.
Matérias:
A explosão da música e da dança break. Jornal do Commercio, Caderno C, 29 set. 1984.
Break time agora é moda. Jornal do Commercio, Caderno C, 17 ago 1984.
Break dance, o filme. Jornal do Commercio, Caderno C, 19 set. 1984.
Consumo de energia no Nordeste teve evolução de 46,91%. Diário de Pernambuco, 9
jan. 1980.
Governador nega a existência de esquadrão em Pernambuco. Diário de Pernambuco, 27
fev. 1980.
Lemos, Antonina. Chico Science faz turnê internacional. Folha de S. Paulo, 19 jun. 1995.
MC Chico Science é o vocalista da banda Loustal. Jornal do Commercio, Caderno C, 1
jun. 1991.
Médico diz os perigos do break. Diário de Pernambuco, Caderno Viver, 18 out. 1984.
Na onda do break. Jornal do Commercio, Caderno C, 24 nov. 1984.
O preto no branco. Jornal do Commercio, Caderno C, 11 jun. 1989.
Rui apóia a alcoolquímica. Diário de Pernambuco, 6 jan. 1980.
Vieira, Felipe. Palafitas voltam com tudo ao Recife. Jornal do Commercio, 9 ago. 2015.
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Visuais
A lama, a parabólica e a rede. Brasil, 2008. Dir.: Rejane Calazans e Clarisse Vianna. Iaiá
Filmes.
Amarelo Manga. Brasil, 2003. Dir.: Cláudio Assis. Parabólica Brasil/Olho de Cão
Produções Cinematográficas.
Beat street: a loucura do ritmo. EUA, 1984. Direção: Stan Lathan. Orion.
Brazil, tale of four cities: Mangue Beat. Inglaterra, 2007. BBC.
Break dance: breakin. EUA, 1984. Direção: Joel Silberg. Cannon/Golan Globus.
Chico Science: um caranguejo elétrico. Direção: José Eduardo Miglioli. Produção: Globo
Nordeste/RTV/Globo Filmes, 2016.
Fim de semana especial: Chico Science. Brasil, 1997. MTV.
O rap do pequeno príncipe contra as almas sebosas. Brasil, 1999. Dir.: Paulo Caldas e
Marcelo Luna. Raccord/RioFilme/Consórcio Europa 1999.
Partido alto. Brasil, 1984. Rede Globo de Televisão. Dir.: Roberto Talma, Jayme
Monjardim, Carlos Magalhães, Luís Antônio Piá e Helmar Sérgio.
Rio Doce-CDU. Brasil, 2013. Dir: Adelina Portugal e Chica Mendonça (independente).
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Outras fontes
Chico Science. Longevidades (poema), s./d.
Fred 04 e Renato L. Caranguejos com cérebro (release – orig. 1991). In: Chico Science
& Nação Zumbi. Da lama ao caos. CD Chaos/Sony, 1994 (encarte).
Manuscrito original de Chico Science da música “A cidade. 1988
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LOCAIS DE PESQUISA
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Acervo digital do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.
Arquivo pessoal de Fábio Luna (DJ Spider).
Arquivo pessoal de Jorge dü Peixe.
Arquivo pessoal do DJ Elcy Oliveira.
Arquivo pessoal do pesquisador.
Biblioteca do Centro de Arte e Cultura (CAC) da UFPE.
Biblioteca do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFPE.
Biblioteca Pública de Pernambuco.
Memorial Chico Science.