Músicos para bordo, marinheiros para o baile: Ensino, atividades musicais e a constituição de uma especialidade no Corpo de Marinheiros Nacionais (1890-1915)

Dissertação de mestrado

ANDERSON DE RIETI SANTA CLARA DOS SANTOS

LARISSA MOREIRA VIANA

UFF

2021

Corpo de Marinheiros Nacionais Atividades musicais Marinheiros músicos

Resumo: Texto em formato digital: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=11090201

O presente trabalho trata da constituição da especialidade de música dentro do Corpo de Mari-nheiros Nacionais por meio do processo de estruturação das companhias de músicos e da car-reira desses marinheiros entre os anos de 1890 e 1915. Ainda antes desse período, as ativida-des musicais já eram desenvolvidas nesse corpo com a existência de uma banda de música cujas atribuições construídas sobre o ofício foram as seguintes: 1) contribuir para o cerimonial marí-timo principalmente quando os navios da Armada realizavam viagens de instrução de guardas-marinha e representações diplomáticas; 2) ser um meio de recreação do pessoal de bordo; e 3) “civilizar” os costumes de marinheiros, músicos ou não, e, eventualmente, o publico em geral. Pelo perfil dos marinheiros músicos, analisado através dos seus assentamentos em Livros de Socorros, pode-se verificar que eram majoritariamente pobres e negros, e oriundos das escolas de aprendizesmarinheiros dos “estados do Norte” à época (Ceará, Paraíba e Pernambuco, por exemplo), ocasião em que se iniciavam no aprendizado musical. Assim, desde a preparação nas escolas, até o aprimoramento no Corpo de Marinheiros Nacionais, e nas práticas musicais den-tro e fora do seu respectivo quartel, deviam ser “moralizados e civilizados” também através da música, ajudando a “moralizar e civilizar” os demais. Tal ideia era disseminada por músicos e compositores de renome, que organizavam a atividade no Brasil desde meados do século XIX. A constituição da especialidade de música se deu pelas experiências dessas marinheiros músicos quando, no ingresso, no serviço e na ascensão nas classes hierárquicas e referentes à própria especialidade, tiveram que lidar com desafios postos pela própria força armada. Exemplo disso era a falta de reconhecimento do ofício de músico, sem as concessões de gratificações conferi-das às demais especialidades, promoções com critérios que se amparavam nas relações de po-der, com base no comportamento dos marinheiros ao lado da habilidade musical, além da ex-tenuante carga de serviço entre as lides propriamente marinheiros nos navios, as práticas musi-cais nessas belonaves em extensas comissões ao exterior, e nas tocatas nas praças, ruas, clubes e teatros. Assim, busco analisar o processo de constituição da especialidade de música no contex-to da consolidação das demais especialidades, das mudanças vivenciadas pelos marinheiros no exercício da profissão naval e as transformações no mercado de divertimento de massas, no bojo das transformações sociais havidas dentro do recorte temporal em lide no Brasil.

Almanaques:
Almanaque administrativo mercantil e industrial do Rio de Janeiro (1849-1909). Rio de
Janeiro: Eduardo e Henrique Laemmert.
Almanak do Ministério da Marinha (1892). Rio de Janeiro: Imprensa Mont’Alverne, Ferreira &
C. 1892.
Arquivo da Marinha (AM)
Livros copiadores/registro de ofícios:
Cruzador Barroso
nº 00145 (1904)
nº 2149 (1911)
Navio-escola Benjamin Constant
- Nº 00566 (1903-1904)
Quartel General da Marinha
nº 5595 (1874-1896)
Escola de Aprendizes-Marinheiros da Capital Federal
nº 4491 (1898-1902)
Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará
nº 12710 (1886-1892)
nº 12714 (1902-1903)
nº 12716 (1908 -
Escola de Aprendizes-Marinheiros da Paraíba
nº 19763 (1899)
Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco
nº 16895 (1894 – 1895)
239
nº 16896 (1898 – 1899)
Escola de Aprendizes-Marinheiros do Rio Grande do Sul.
Nº 15550 (1903 – 1904)
nº 15551 (1908)
Estado-Maior da Armada (Estado-Maior General da Armada/ Ajudante General da Armada)
nº 5489 (1890)
nº 5505 (1896)
nº 5509 (1897)
nº 5511 (1897)
Quartel do Corpo de Marinheiros Nacionais
nº 02198 (1898 – 1899)
nº 2109 (1903)
nº 3232 (1908)
Livros de Navio:
Navio-escola Benjamin Constant
Livros de Socorros
33ª companhia
41957; 41960; 41997; 41998; 46538; 46630; 46632.
46ª companhia
46672
47ª companhia
46671
Demais companhias
42585; 46505; 46512; 46513; 46514; 46515; 46516; 46517; 46518; 46519; 46526; 46527; 46529;
46535; 46536; 46540; 46541; 46543; 46545; 46547; 46548; 46650; 46552; 46554; 46556; 46557;
240
46566; 46568; 46569; 46580; 46581; 46589; 46587; 46588; 46589; 46590; 46595; 46613; 46680;
46697.
Ordens do Dia do Quartel do Corpo de Marinheiros Nacionais (Livros)
03574 (1895) ; 03576 (1896) ; 03274 (1896); 03247 (1897) ; 03578 (1898); 03579 (1899) ; 03580
(1900) ; 03582 (1901); 03584 (1903); 03585 (1904); 03586 (1906); 03587 (1906-1907); 03588
(1907 -1908); 11333 – 11347 (1908-1915)
Arquivo Nacional
Série Marinha
Livros de Socorros de Marinha:
Subsérie Corpo de Fazenda (XVIII M) – Corveta Imperial Marinheiro, 5º livro (1857-1860).
Ofícios:
Subsérie Ministro-Secretaria de Estado (X M)
Subsérie Quartel General e Conselho Naval (III M)
Subsérie Intendência e Inspeção da Bahia (XI M)
Requerimentos
Subsérie Arsenal de Marinha da Corte ( V M) – VM 167-178.
Subsérie
Center for Research Libraries da Universidade de Chicago - http://www.crl.edu
Relatorios
Ministro do Império
(1859)
Ministros da Marinha
(1841 – 1928)
Compêndios e tratados de música
SILVA, Francisco Manuel. Compêndio de Princípios Elementares de Música. 4ª ed. Moguncia
(Mainz) – Alemanha: B Schott Hijos. s/d.. 1ª ed. 1848.
241
Compêndios, tratados militares e regulamentos
MARQUÊS DE CAMPO MAIOR [Marechal General William Carr Beresford] Regulamento e
instruções para a disciplina e exercício dos corpos de infantaria dos exércitos de sua
Majestade Fidelíssima feito por ordem do mesmo senhor. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1820
p. 67-68.
Ordenança Geral para o Serviço da Armada brasileira. Rio de Janeiro: Typographia Nacional,
1874.
Regimento Provisional para o Serviço e Disciplina das Esquadras e Navios da Armada Real.
Lisboa: Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo, 1796.
ZAGALLO, Bernardo Antonio. Sistema de instrução para a infantaria ligeira oferecido aos
novos oficiais do Exército. Rio de Janeiro: Typographia Nacional. 1850 (edição reimpressa).
Legislação
Coleção das Decisões do Governo do Império do Brasil
1822
Coleção das Leis do Império do Brasil
1842 - 1885
Coleção das Leis da República do Brasil
1894 - 1932
Decretos do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil
1889 - 1895
Códigos disciplinares e penais
Companhia Correcional, Códigos Penal e Disciplinar da Armada, Regulamento Processual e
Formulário do Processo Criminal Militar. Rio de Janeiro, Imprensa Naval: 1914. pp. 27-70.
Impressos diversos
Partituras
242
Joyeux nègres : cake walk : [pour piano] / Rodolphe Berger. Disponível em
Acesso em 16 de ago. 2021.
Jornais e Periódicos– Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional
Annaes Marítimo (1861)
Correio da Manhã (1908)
Correio da Tarde (1862)
Correio Mercantil (1848 - 1861)
Diário do Rio de Janeiro (1843 - 1877)
Gazeta de Notícias (1876 – 1926)
Jornal do Brasil (1903)
Jornal do Commercio (1860 - 1904)
O Paiz (1890 - 1911)
Memórias
CAMINHA, Adolpho. No paiz dos yankees. Rio de Janeiro: Livraria Moderna, 1894
JACEGUAY, Arthur Silveira da Motta, Barão de. De aspirante a almirante, 1858-1902: minha fé
de ofício documentada. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1984-1985.
Coleção Jaceguay, Volume 7, Tomo I.
L.A.V. Viagem da corveta Vital de Oliveira ao Oceano Pacífico no ano de 1876. Rio de Janeiro:
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O “Benjamin Constant” à volta do mundo: Relatório da viagem de circunavegação do navio-escola
Benjamin Constant, apresentado pelo seu comandante, capitão de fragata Antonio Coutinho Gomes
Pereira. Subsídios para a História Marítima do Brasil. Volume IV. Rio de Janeiro: Imprensa
Naval, 1942, p. 107-186, p. 122.
243
Periódicos
Revista Marítima Brasileira
(1890 – 1910)
Relatórios:
MAGALHÃES, Galdino Cícero de. Relatório médico da corveta Vital de Oliveira. Rio de
Janeiro: Typographia Nacional, 1881.