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A memória do samba na capital do trabalho: os sambistas paulistanos e a construção de uma singularidade para o samba de São Paulo (1968-1991)
Tipo de documento:
Tese de Doutorado
Autor:
Lígia Nassif Conti
Orientador:
Pinto, Maria Inez Machado Borges
Local:
USP - FFLCH
Data:
2015
Publicação - Livros / Artigos
Palavras-chave:
Cultura urbana Etnomusicologia
Memória Música popular
Samba paulista
Resumo:
Texto em formato digital: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-16062015-130318/pt-br.php
As reflexões que orientam este trabalho têm como ponto de partida o discurso em torno da defesa de uma particularidade para o samba na cidade de São Paulo em comparação ao samba do Rio de Janeiro. Em uma série de depoimentos e entrevistas, nota-se que um grupo de sambistas de São Paulo, especialmente a partir da década de 1970, argumenta em favor de que o samba paulista é diferente do samba carioca (ou o teria sido até cerca de meados do século) em razão de sua origem diversa. Segundo essa narrativa, o samba de São Paulo seria originário dos batuques que acompanhavam os festejos religiosos acontecidos no interior do Estado. A proposta principal desta pesquisa é investigar as bases que fundamentam essa narrativa em torno do samba paulista, bem como identificar os elementos que constituiriam a suposta particularidade regional do gênero, buscando para isso letras de sambas e depoimentos de sambistas e outros entusiastas do samba de São Paulo. Além disso, faz-se pertinente analisar alguns sambas compostos pelos sambistas que defendem essa peculiaridade regional e verificar se há referências musicais, e em que medida, aos elementos apontados como característicos do samba interiorano. Desse modo, intenta-se compreender a construção da narrativa em torno do samba paulista não apenas no que se refere ao discurso verbal, mas também ao discurso musical que o acompanha e reforça. Elucidar essa trama discursiva envolve ainda compreender as razões pelas quais se empenham os sambistas em construir para o samba paulista uma história peculiar. Nesse sentido, cabe apontar que a memória oficial da cidade do trabalho não reserva espaço para o samba, estando mais empenhada em construir uma imagem voltada ao cosmopolitismo e menos preocupada em referenciar símbolos da mestiça brasilidade com a qual o samba está associado. Além de não encontrar espaço na narrativa histórica da cidade, o samba também gradativamente se ausenta dos espaços outrora informalmente ocupados nas ruas, largos e avenidas nas décadas iniciais do século. A narrativa do samba na cidade do progresso busca, destarte, legitimar e consagrar uma memória para o gênero na cidade desastrosamente consagrada pelo repetido epíteto de túmulo do samba.
Fontes:
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MESTRE DIVINO. Depoimento concedido à autora em 24 de setembro de 2011.
Depoimentos concedidos à profª Olga Von Simson disponíveis para consulta no acervo do
Laboratório de História Oral do Centro de Memória da Unicamp:
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Nenê da Vila Matilde (pseudônimo de Alberto Alves da Silva, entrevistado em maio de
1981); Carlão do Peruche (pseudônimo de Carlos Alberto Caetano, entrevistado em junho de
1981); Livinho do Vai Vai (pseudônimo de Antônio Ferraz, entrevistado em duas ocasiões,
em 1978 e em julho de 1981); Toniquinho Batuqueiro (pseudônimo de Antônio Messias de
Campos, entrevistado em novembro de 1978); Madrinha Eunice (pseudônimo de Deolinda
Madre, entrevista em duas ocasiões, em setembro de 1977 e em julho de 1981); Zezinho da
Casa Verde (pseudônimo de José Narciso de Nazaré, entrevistado em duas ocasiões, em
novembro de 1978, juntamente com Toniquinho Batuqueiro e em abril de 1981); Dionísio
Barbosa (entrevistado em novembro de 1976); Geraldo Filme (entrevistado em duas ocasiões,
em dezembro de 1978 e em maio de 1981); Jangada (pseudônimo de Marco Aurélio
Guimarães, entrevistado em outubro de 1977); Mala (pseudônimo de Oswaldo Villaça,
entrevistado em junho de 1981); Pé Rachado (pseudônimo de Sebastião Eduardo Amaral,
entrevistado em maio de 1979); Iracema dos Santos (entrevistada em 1978); Olímpia dos
Santos Vaz (entrevistada em 1978); Evaristo Carvalho (entrevistado em julho de 1981);
Manezinho do Peruche (pseudônimo de Ageu Emanuel Gonçales, entrevistado em julho de
1981), Geraldo Francelino (entrevistado em agosto de 1977).
EQUIPE TÉCNICA de Pesquisas de Música, Divisão de Pesquisa do Centro Cultural São
Paulo. Entrevista de Germano Mathias em 06 de maio de 1987.
C) Documentários:
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