> Banco de Dados - História e música na universidade

“O ÚLTIMO MALANDRO” EM SÍNCOPE: IMAGINAÇÃO SOCIAL, MALANDRO E CIDADANIA NAS CANÇÕES DE MOREIRA DA SILVA (1930-1945,1951-1954)

Tipo de documento:
Dissertação de mestrado

Autor:
ISABELLE DOS SANTOS PORTES

Orientador:
JOSE COSTA D ASSUNCAO BARROS

Local:
UFRJ

Data:
2014

Publicação - Livros / Artigos

Palavras-chave:
imaginação social, trabalho, cidadania e Era Vargas,

Resumo:
Texto em formato digital: https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConclusao.jsf?popup=true&id_trabalho=1597994

PORTES, Isabelle dos Santos. “O Último Malandro” em síncope: imaginação social, malandro e cidadania nas canções de Moreira da Silva (1930-1945,1951-1954). Dissertação (Mestrado em História Comparada) – Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. O presente trabalho pretende discutir a partir e pela trajetória e canções do compositor e intérprete Antônio Moreira da Silva (1902-2000) três variáveis: 1- o imaginário trabalhista, empreendido, sobremaneira ao longo dos dois governos de Getúlio Vargas (1930-1945,1950-1954), 2- as representações de malandro, engendradas em torno do sentido polissêmico da terminologia malandro, nesse caso, especialmente via canções e 3- o papel da música na historiografia e história social, política e cultural de nosso país, atentando ainda para os projetos que almejavam a formação de um ideal de cidadão, via cultura (a música nesse caso). Um cidadão ideal deveria ser representado pelo trabalhador nos anos de 1940 e 1950, e ainda por um trabalhador nato, atinado com os ideais concernentes à tríade relação: ‘capital, trabalho e cidadania’, que funcionou como força motriz para um projeto cívico musical, principalmente no período autoritário (1937-45), anos de arregimentação do capitalismo e da industrialização brasileira, alicerçados sobre os ideais de segurança e integração nacional. Trabalhador, que deveria representar a força da nação, força contrária às manifestações de esquerda, ou de maneira alguma acompanhar ou apoiar quaisquer protestos contra o regime em vigência. São através dessas três variáveis, que diacronicamente e sincronicamente, pretende-se discutir um cadinho da cidadania brasileira, suas características, práticas e representações prementes. Almeja-se, assim pela perspectiva comparativa uma análise, além das vias institucionais, apenas pelo filtro dos “aparelhos ideológicos do estado”, principalmente tendo as canções como fontes primárias para estudo, aliadas a discussão de cidadania. Por isso, a escolha da trajetória de um artista e cidadão comum brasileiro, simplesmente o cancioneiro popular Antônio. Sujeito de escassa formação intelectual, artista de pouca representatividade no que concerne a certo engajamento em sentido estrito, mas que com suas crônicas musicais teve grande habilidade em responder aos “projetos oficiais da nação” para o trabalho, a cidade e uma série de programas sociais. Por ele, investiga-se, afinal o que o próprio malandro, sua personalidade e personagem nos dizem sobre a cidade e o cidadão brasileiro, permitindo ainda discutir a própria história da música e seu papel na história do país. Antônio Moreira da Silva, O Mulatinho, O tal, O Último Malandro ou Kid Morengueira foi capaz, em suma, através de todos estes personagens artísticos e alcunhas pelas quais seu personagem ficou conhecido de caracterizar um humor especialmente carioca, além de povoar ainda mais o poder subversivo e transgressor do riso.

Fontes:
CANÇÕES:
78 RPM - Período 1930-1945, consultas no Instituto Moreira Salles:
http://acervo.ims.uol.com.br/
ABRE A BOCA E FECHA OS OLHOS (ASSIS VALENTE, dez.1933).
ACERTEI NO MILHAR (WILSON BATISTA - GERALDO PEREIRA, ago.1940).
ADEUS ORGIA ADEUS (DJALMA ESTEVES - FELISBERTO MARTINS,
1939).
ALUGA-SE UMA CASA (NILO VIANA - PRÍNCIPE VELUDO, 1955).
AMIGO DA ONÇA (HENRIQUE GONÇALEZ, 1946).
AMIGO URSO (HENRIQUE GONÇALEZ, 1941).
ARRASTA A SANDÁLIA (OSWALDO VASQUEZ, O "BAIACO" - AURÉLIO
GOMES, 1932).
BAMBA DE CAXIAS (MOREIRA DA SILVA - RIBEIRO DA CUNHA, 1954)
BILHETE BRANCO (HENRIQUE GONÇALEZ, 1941)
BILHETE PREMIADO (TANCREDO SILVA - RIBEIRO CUNHA, 1953)
CHANG-LANG SE QUEIMOU (JOSÉ FIGUEIRA - MOREIRA DA SILVA,1938)
CIGANO (LUPICÍNIO RODRIGUES - FELISBERTO MARTINS, 1943)
CONFISSÃO DE MALANDRO (GILBERTO MARTINS, 1934/ 1932?).
CONTO DO PINTOR, (MIGUEL GUSTAVO, 1960)
CONVERSA DE CAMELÔ (SEBASTIÃO VALENÇA - TANCREDO SILVA,
1942)
CONVERSANDO COM SATANAZ (HENRIQUE GONZALEZ, 1943).
COPA ROCA (LOURIVAL RAMOS - MOREIRA DA SILVA, 1942)
DIPLOMA DE POBRE (JOSÉ BATISTA DA SILVA- PRÍNCIPE VELUDOJORGE SANTOS, 1945 E 1954).
DIPLOMATA (HENRIQUE GONÇALEZ, 1942 / 1943 ?)
DORMI NO MOLHADO (MOREIRA DA SILVA. 1942 e 1953)
É BATUCADA (JOSÉ LUIZ DE MORAIS "CANINHA" - VISCONDE BICOÍBA,
1933)
ERERÊ ( GETÚLIO MARINHO "AMOR", 1932).
ESTA NOITE EU TIVE UM SONHO (WILSON BATISTA - MOREIRA DA
SILVA, 1942)
FOI EM MIL E QUINHENTOS (ROBERTO MARTINS, 1935)
FRACO ABUSADO- (CLÓVIS VIEIRA - MOREIRA DA SILVA - VESPASIANO
LUZ,1937)
HOMEM QUE SE CASA É FELIZ (ODUVALDO LACERDA - CORRÊA DA
SILVA, 1941)
IMPLORAR- KID PEPE - J. DA SILVA GASPAR - GERMANO AUGUSTO
JOGO PROIBIDO- (TANCREDO FILHO - MOREIRA DA SILVA, CANÇÃO DE
1937, GRAVADA SOMENTE EM 1953)
MALANDRO BOMBARDEADO (RUBENS CAMPOS - JOSÉ GONÇALVES
"ZÉ DA ZILDA", 1953)
173
NA SUBIDA DO MORRO (RIBEIRO CUNHA - MOREIRA DA SILVA -
GERALDO PEREIRA, 1952)
NÃO SOU MAIS AQUELE (VESPAGIANO LUZ - MOREIRA DA SILVA, 1938)
REI DE UMBANDA (GETÚLIO MARINHO "AMOR", 1932)
TRABALHO ME DEU O BOLO (MOREIRA DA SILVA - JOÃO GOLÔ, 1937,
regravada em 1939)
VOTE EM MIM (BRUNO GOMES - FERREIRA GOMES, 1954)
LPs de fins da década de 1950 e 1960:
o LP O Último Malandro, 1958, Odeon:
o A Volta do Malandro, 1959, Odeon:
o O Malandro Diferente, 1959 e
174
o Malandro em Sinuca, 1961, Odeon:
o Moreira da Silva O “TAL” malandro, 1962, Odeon:
o Moreira da Silva, O Último dos Moicanos, 1963, Odeon.
175
OUTROS:
o LPs: Quem é o tal? Déo, Almirante, Moreira da Silva e J. B. Carvalho.
Selo Revivendo- Curitiba-PR, 1989;
o CD: Testamento dos Sambistas: Jorge Veiga, Moreira da Silva e Caco
Velho. Selo Revivendo.
o Arquivo formado com 60 canções: mp3 e outros LPs e cds (coletâneas
do cancionista da década de 1950-1990):

1
Faustina
2
Filme
4
Gagô apaixonado
5
Minha Palhoça
6
Nega Risoleta
7
Volta ao Chang Lang
8
Dama do cemitério
9
A fera de ouro
10
Garota do Morro
11
A Lagosta
12
Averiguações
14
Acertei no milhar

15
Baiana da Lapa
16
Boletim Social
17
Cachorro de madame
18
Camelô na cidade
19
Chang lang
20
Chave de cadeia
21
Cidade lagoa
22
Companheiro Sincero
23
Dance Madmoisele
24
Conversa de Botequim
176
25 Dona História com licença
26
Dormi no molhado
27
Esta noite eu tive um sonho
28
Fenômeno
29
Fui ao dentista
30
Garota Genial
31
Jogando com o capeta
32
Judia rara
33
Lapa década de 1930
34
Malandro em sinuca
35
Margarida
36
Mil uma Trapalhadas
37
Minha sentença
38
Na subida do morro
39
Nego fogão
40
No seca suvaco
41
O último dos moicanos
42
O conto da mala
43
O conto do pintor
44
O sultão
45
Olha o Padilha
46
Pé e bola.
47
Patrulha da cidade
48
Pistom de gafieira
49
Que Barbada
50
Que malandro sou eu
51
Rebocador Laurindo

52
Rei do cangaço
53
Rei do gatilho
54
Reminiscências
55
Samba aristocrático
56
Sambista de consultório
57
Sou candidato
58
Vara Criminal
59
Zé carioca
60
Paraíso de malandro
177
o CD: Macalé Canta Moreira. Lua Discos, 2001.
Década de 1970:
o LP Manchete do dia, Cantagalo (gravadora), 1970:
o LP Mo“ringo”eira, Continental, 1970:
o LP O Sucesso Continua, Cantagalo, 1970:
178
o LP Moreira da Silva- Música popular Brasileira, Grandes Intérpretes,
RCA, 1974:
o LP: Moreira da Silva e o samba de breque. Coleção talento brasileiro n.
2, CID, 1977:
o LP Sambistas de Bossa e samba de breque, RCA, 1977:
179
DOCUMENTÁRIOS E PROGRAMAS:
Documentário: Moreira da Silva, 1977, direção: Ivan Cardoso, com a
participação de Moreira como ator em todo filme.
Programa Ponto de Encontro, TV Cultura, 1980. Direção: Antonio C. Rebesco
Mosaicos: A Arte de Moreira da Silva, TV Cultura, 2008. Direção: Nico Prado,
narração: Rolando Boldrin.
Curta: Tira os óculos e recolhe o homem, 2008. Direção: André Sampaio, com
atuação de Jards Macalé como Jards e como Kid Morengueira.
Filme Projeto Brahma Meio Dia: show e entrevista de Moreira da Silva, por
Sérgio Cabral, Arquivo audiovisual do MIS, 1988.
Programa Estrelas, TV Tupi, 1978. Entrevistador: Grande Ótelo. Arquivo MIS.
PERIÓDICOS:
Jornal O Globo- 1970, 1983, 1990. Série de entrevistas. Arquivo Biblioteca
Nacional.
Pasquim – entrevista de 1973.
Jornal do Brasil- 1970. Arquivo da Biblioteca Nacional.
DEPOIMENTOS:
Depoimento para Posteridade, MIS, 1967.
Depoimento - Arquivo do Município da cidade do Rio de Janeiro, Projeto
Memórias Musicais, 1982.
180
DICIONÁRIOS:
SILVA, Antonio de Moraes. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Typographia fluminense, 1922. (Edição comemorativa ao centenário da
independência do Brasil, fac-símile da segunda edição de 1813: Typographia
Lacérdina (Lisboa).
COELHO, Adolpho. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 1890.
Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Garnier,
1884.
Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa (não foi possível verificar a
editora/ano aproximado 1918, pertenceu a Olavo Bilac) Termos relacionados:
NASCENTES, Antenor. Dicionário Etimológico. Rio de Janeiro: (várias
livrarias como editoras), 1932.
Dicionário de Brasileirismos, 1934.
HOLLANDA, Aurélio Buarque de. Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1960.
NASCENTES, Antenor. Dicionário da Língua Portuguesa, 1967.
CANÇÕES DIRETAMENTE ANALISADAS E CITADAS NO CORPO DO TEXTO:
Confissão de malandro (1932)
É batucada (1932)
No morro de São Carlos (1933)
Jogo Proibido (36)
Fraco abusado (1937)
O trabalho me deu bolo (78 rpm) de 1937,(regravada 1939)
Não sou mais aquele, 1938
Bilhete branco, 1941;
Noiva da Gafieira 1946
Risoleta 1937
Esta noite eu tive um sonho de 1942
Diplomata de 1941 e
Acertei no milhar, 1940
Olha o Padilha de 1953
Na subida do Morro 1953
Malandro bombardeado 1953 (regravada em 1961)
Cidade lagoa de 1959
Camelo na cidade de 1942, regravada em 1961
A Garota do morro de 1961, gravada em 1964
Diploma de Pobre de 1945/1953
Homenagem ao malandro
Doze Anos, as três últimas todas de Chico Buarque de 1978, algumas
interpretadas por Moreira da Silva.
Tira os óculos e recolhe o homem