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Representação sonora da cultura jovem no Chile (1964-1970)

Tipo de documento:
Dissertação de mestrado

Autor:
Mariana Oliveira Arantes.

Orientador:
Tânia da Costa Garcia

Local:
UNESP - Franca

Data:
2009

Publicação - Livros / Artigos

Palavras-chave:
1964-1970; Eduardo Frei Montalva; Canção popular urbana; Juventude; Chile

Resumo:
Texto em formato digital:

O presente estudo objetiva discutir as reconfigurações da identidade nacional chilena de 1964 a 1970 a partir de três fenômenos musicais: o Neofolclore, a Nova Onda e a Nova Canção Chilena, que renovaram o repertório baseado em elementos da canção folclórica chilena, visando modernizar a canção popular urbana. Nosso recorte temporal abarca o período em que os fenômenos musicais estudados foram significativos no cenário nacional chileno, período este que também contempla o governo de Eduardo Frei Montalva, que enquadra transformações significativas no que tange à questão da modernização do país e a conseqüente tensão entre a defesa de elementos ditos tradicionais ou informados como modernos, no plano cultural. Neste sentido o intuito de dar uma nova “roupagem” às formas musicais folclóricas do país investe-se de significado devido à questões caras ao período, como o conflito entre a oligarquia rural do país, relacionada à uma suposta tradição musical nacional, e setores sociais emergentes, como as camadas médias e os jovens, atrelados à uma cultura urbana e transnacional, que reivindicavam inovações na sociedade. Precisamente esse cenário conflituoso é o tema de nosso primeiro capítulo. O segundo capítulo traz uma análise da documentação elencada para a presente pesquisa: as revistas especializadas em música e dedicadas ao público juvenil, El Musiquero e Ritmo de la Juventud. Cabe ressaltar que, durante a década de 60, foram realizadas diversas inovações no sentido de desenvolver os meios de comunicação no Chile, como o rádio, discos, televisão e a imprensa especializada, deste modo, ocorreu a publicação de diversas revistas juvenis dedicadas à música popular, fato que facilitou a circulação do repertório musical entre os distintos setores sociais consumidores de tais produções. Assim sendo, acreditamos que os periódicos apresentam abundante informação sobre as atividades dos artistas e do cenário musical de um determinado período, tornando-se fecunda documentação para a pesquisa histórica. Importa-nos neste capítulo analisar a maneira como os distintos segmentos sociais que integravam o processo de produção/circulação/consumo dos materiais musicais, expressaram suas concepções a respeito da canção popular urbana. Convém uma análise das revistas a fim de apreender os posicionamentos de grupos como produtores, críticos musicais e artistas sobre os debates relativos à defesa de uma “tradição musical nacional” relacionada à uma cultura rural, propagados através da música ou da discussão sobre a música. Averiguaremos, ainda, o protagonismo juvenil da década de 60, tecendo considerações a respeito da relação entre a cultura de consumo e a cultura jovem, que imprimiu o aspecto transnacional à esta última. Por meio da análise dos discursos propagados pelos colaboradores dos periódicos, podemos estudar em que medida as transformações advindas com a emergência da cultura urbana, jovem e transnacional foram aceitas por parcelas conservadoras da sociedade que intentavam manter a “tradição rural nacional”.