> Banco de Dados - História e música na universidade

Impressões digitais da (in)dependência : os CDs (in)depententes em Brasília (1990 a 2007).

Tipo de documento:
Tese de Doutorado

Autor:
Clodomir Souza Ferreira

Orientador:
Cléria Botêlho da Costa

Local:
UnB

Data:
2008

Publicação - Livros / Artigos

Palavras-chave:
Década de 1990 e 2000; Música Independete; CD`s ; Produção musical; Brasília.

Resumo:
Texto em formato digital:
http://tinyurl.com/yhurp4t

O presente estudo tem como cenário Brasília, a capital do Brasil, uma cidade fundada em 1960 que se tornou uma metrópole terciária precoce nos anos de 1980, tendo, agora, a quarta maior população do País, com cerca de 2,5 milhões de habitantes. Brasília é formada pelo Plano Piloto e um conjunto de cidades-satélites distribuídas no Distrito Federal. Nesse espaço e em sua curta existência, registra-se uma atividade cultural intensa que vem se firmando a cada dia – a produção independente de discos. Além do rápido crescimento populacional, Brasília é um dos maiores municípios para o Produto Interno Bruto (PIB), juntamente com São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. O objeto da presente tese são os significados da música produzida na forma de CDs independentes para seus criadores em Brasília, no período de 1990 a 2007, considerando-se a produção independente como uma prática cultural diversa da maneira industrial, ancorada no desejo de expressão do artista, que independe do mercado. O intuito é contribuir para a história da música popular do Brasil e de Brasília. A tese tem como referência a narrativa de artistas selecionados entre seis gêneros musicais, compositores que são também intérpretes de sua própria obra, tendo as letras das músicas como corpus importante de análise. A partir de um mergulho nas obras, à luz do suporte teórico, e levando-se em conta a fala dos artistas, busca-se desenhar e compreender a identidade cultural da arte, num período que coincide com a redemocratização da nação. A tese Impressões digitais da (in)dependência: os CDs (in)dependentes em Brasília (1990 a 2007) é desenvolvida no contexto da nova história cultural, valorizando os aspectos simbólicos, a construção do imaginário e as representações sociais, evidenciando os sentidos que afloram na produção criativa. Tal perspectiva se mostra indispensável, principalmente pela forte carga simbólica que acompanha a cidade desde sua fundação, refletindo novos objetos de interesse da história, como valores, mitos e crenças. A formatação teórica teve como suporte os conceitos de cultura diaspórica, hibridismo e tradução, como propostos por Stuart Hall, que permitem a percepção de novas formações de identidades, úteis para observar-se a cultura de Brasília, a influência das diversas regiões do País e as sínteses que ocorrem. Para traçar o perfil identitário dos compositores independentes, consideraram-se, especialmente, aspectos, como a influência da família na criação artística, a diversidade cultural, a auto-imagem dos artistas, a relação com a política e a visão da própria produção independente. A produção independente não é vista como a negação da produção hegemônica, mas como uma forma de sobrevivência cultural para o autor que não se dispõe a atender a todas as demandas da grande indústria, circunstância em que o artista procura preservar sua expressão. A tese traz, ainda, uma reflexão sobre a cultura da cidade nas poucas décadas de sua história, mostrando as características de cada período e sua inter-relação com o ambiente social e seus diálogos com a cultura nacional. Assim, o personagem em destaque é o artista independente, muitas vezes ignorado pela grande indústria e até pelos meios de comunicação, que deveriam lhe abrir o justo espaço para a valorização da arte brasileira, atendendo às novas demandas de expressão e de formação de identidades. A produção independente é, pois, uma obra inconclusa, vaga e fracamente organizada, embora apresente os primeiros sinais de sistematização e de efetividade. Reconhecê-la e multiplicá-la é um desafio no qual a nova história cultural tem um papel fundamental.