> Banco de Dados - História e música na universidade

As trombetas anunciam o paraíso: recepção do realismo socialista na música brasileira, 1945-1958.

Tipo de documento:
Tese de Doutorado

Autor:
Luiz Anotnio Afonso Giani

Orientador:
José Carlos Barreiro

Local:
UNESP - Assis

Data:
1999

Publicação - Livros / Artigos

Palavras-chave:
1945-1958; Música e Política ; PCB; Compositores ; Brasil

Resumo:
Compositores críticos de música brasileiros, filiados ou simpatizantes do Partido Comunista do Brasil (PCB), apropriaram-se, cada um a seu modo, das idéias derivadas da "campanha antiformalista" deflagrada na URSS, sob a liderança de Zdhanov e Khrenikov, e difundida internacionalmente, a partir do Congresso de Praga (1948), no bojo da deflagração da guerra fria e do movimento comunista mundial dirigido Cominform. O realismo socialista soviético, do tipo marxista-vulgar, cruzou-se e embaralhou-se com idéias inerentes ao nacionalismo musical brasileiro, erigindo o sinfonismo otimista e folclorista em valor absoluto, contra o formalismo e o cosmopolitismo, acusados de corrupção e charlatanismo, por abrigrarem as notas "falsas", a feiura e a neuropatia, atribuídas à ação imperialista. A motivação principal dos compostitores progressitas - defender a própria cultura, a cultura do povo, do qual se diziam membros ou aliados, e a cultura nacional - foi ancorada por utopias, ilusões e interpretações controvertidas, em torno das verdades proclamadas: a irreversibilidade da revolução e do futuro radioso; o povo, "único" criador; autenticidade da linguagem musical do povo, "única" capaz de fornecer elementos de renovação; o grande manancial folclórico, em estado de pureza, modelo de resistência ao mal externo, ao veneno mortal trazido pelo imperialismo; etc. Instaurada a luta de classes no campo da música, o sectarismo e o dogmatismo pesaram sobre a estética, durante a política de ação insurrecional do PCB, até o surgimento de uma relativa vitalidade teórica, o degelo, com a desestalinização, a crise interna do PCB e a definição de uma nova política de ação do partido, a "aliança de classes", que deu sustentação política ao governo JK e o projeto nacional-desenvolvimentista.