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Carlos Gomes, um compositor orquestral: os prelúdios e sinfonias de suas obras (1861-1891).

Tipo de documento:
Tese de Doutorado

Autor:
Marcos Fernandes Pupo Nogueira

Orientador:
Arnaldo Daraya Contier

Local:
USP - FFLCH

Data:
2003

Publicação - Livros / Artigos

Assunto:
Estudo sobre o caráter instrumental das formas sinfônicas presente nas oito óperas de Carlos Gomes.

Palavras-chave:
Século XIX; Música erudita; Ópera; Carlos Gomes; Biografia

Resumo:
A presente pesquisa concentra-se no território puramente instrumental das formas sinfônicas de Carlos Gomes, compostas para suas oito óperas. Do ponto de vista quantitativo e qualitativo, trata-se de um conjunto de prelúdios e sinfonias que representa o primeiro corpo de repertório sinfônico de concerto da história da música brasileira. A análise do material temático de cada uma das onze peças sinfônicas, inseridas nas óperas de Gomes, tem o objetivo de desvelar o pensamento sinfônico do compositor e, ao mesmo tempo, questionar os rótulos que freqüentemente lhe são aplicados, ora como seguidor de Verdi, ora de Wagner, algumas vezes como herói nacional por ter vencido em Milão, outras desqualificado como paradigma para as gerações de compositores brasileiros que o sucederam. Parte-se do pressuposto de que Gomes, nas formas sinfônicas de suas óperas, seguiu um caminho estético próprio e seu estilo, bastante pessoal, mostrou-se receptivo a diálogos ecléticos com a tradição sinfônica européia, que no seu caso específico inclui, além da música lírica italiana do século XIX, a ópera francesa dos séculos XVIII e XIX, o drama musical wagneriano e principalmente o sinfonismo de inspiração clássica, também encontrado nas produções da chamada “música absoluta” das últimas décadas do século XIX. Com relação às obras analisadas neste trabalho, o discurso de Carlos Gomes se revela essencialmente sinfônico, tanto pela forte unidade motívica dos materiais temáticos empregados quanto pela variedade das texturas orquestrais presentes na arquitetura composicional. Carlos Gomes compreendeu melhor, ou mais cedo do que seus contemporâneos italianos, o fato de que a composição sinfônica não se sustenta contando apenas com a mera vocalidade exterior das melodias – em geral estáticas e completas em si mesmas -, mas exige um tipo de organização temática mais dinâmica e íntegra, na qual os temas se formam a partir de pequenos fragmentos de contornos tão incisivos que produzem unidade temática, variedade, contraste e transformações motívicas.

Fontes:
Manuscritos autografados
• Gomes, C. A noite do castelo (partitura orquestral). Rio de Janeiro, s.n., 1861.
• Gomes, C. Il Guarany (partitura orquestral). Milão, s.d.
• Gomes, C. Fosca (partitura orquestral). Malgrate, 1872.

Cópias manuscritas de partituras
• Catalani, A. La Wally (partitura orquestral do prelúdio do 4o Ato). Milão, Ricordi, s.d.
• Gomes, C. Suíte orquestral de Lo Schiavo. Org. Antonio de Assis Republicano, Rio de Janeiro 1921.
• Gomes, C. Sinfonia da Ópera Il Guarany. Fonte: Arquivo Artística da Orquestra Sinfônica Brasileira, Rio de Janeiro.

Bibliografia específica:
ALMEIDA, Renato. Compêndio de história da música brasileira. Rio de Janeiro, F. Briguiet, 1948.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo, Cultrix, 1978.
CONTIER, Arnaldo Daraya. Música e História. Revista de História. São Paulo, n. 119, p. 69-90, 1988.
CONTIER, Arnaldo Daraya. Brasil Novo: música, nação e modernidade. São Paulo, FFLCH/USP, 1988. Tese de Livre-Docência.
WISNIK, José Miguel. O coro dos contrários: a música em torno da semana de 22. São Paulo, Duas Cidades, 1977.