João Batista de Oliveira Júnior

Batista Júnior (João Batista de Oliveira Júnior) nasceu na cidade de Itapira, interior de São Paulo, em 1894. Começou sua trajetória artística como ventríloquo, apresentando-se sobretudo em circos e pequenos teatros. Bom imitador, passou a se exibir na capital paulista também como humorista e cantor, alcançando certo reconhecimento no mundo dos espetáculos. Na década de 1910 iniciou suas primeiras experiências na indústria fonográfica, registrando alguns fonogramas para as gravadoras Phoenix e Gaúcho. Nos anos 1920 se transferiu com a família para o Rio de Janeiro, fato comum à época para os artistas populares que procuravam se profissionalizar, isto é, viver exclusivamente de suas atividades artísticas. A mudança parece ter sido oportuna, pois na capital do país sua carreira alcançou novo impulso. Ele registrou neste período vários discos para a gravadora Odeon, revelando sua incrível capacidade de imitação, narração e prosa. Gravou uma variedade de estilos e formas como sambas, tangos, fox, modinhas, maxixes, prosas sertanejas, casos e esquetes humorísticos. Em boa parte deles prevalecia um certo timbre do homem do sertão acaipirado, que passou a acompanhá-lo. Associado às dezenas de discos gravados, o número de espetáculos cresceu também, bem de acordo com a lógica do novo universo do entretenimento que se implantava. Seu relativo reconhecimento chamou atenção da gravadora Colúmbia que o contratou no final daquela década e onde produziu vários discos durante os anos 1930. Embora continuasse a apresentar uma variedade de estilos, nesta década seu perfil artístico tornou-se um pouco mais delineado, definido pelo tom humorístico e da prosa. Com esse sentido gravou inúmeros fonogramas que se tornaram bem típicos do artista: a associação de casos com música, isto é, pequenas histórias, geralmente bem-humoradas, entremeadas com canções. Desta maneira ele podia revelar sua grande capacidade de usos da voz, imitando e cantando. Nesta década ele se apresentou também em várias emissoras de rádio e participou, não sem razão, do primeiro filme sonoro nacional, intitulado Coisas nossas.  A carreira artística entrou em certo declínio nos anos seguintes provavelmente em virtude das transformações e modernização do mundo do entretenimento. Ele faleceu relativamente jovem em 1943, com 49 anos de idade, um tanto obscuro e acabou mais conhecido como o pai das filhas cantoras Dircinha e Linda, as populares Irmãs Batista.

Banco de Dados

Batista Júnior

Este levantamento discográfico apresenta 70 registros gravados por Batista Júnior, cujas informações podem ser acompanhadas na tabela anexa. Neste conjunto, 54 fonogramas estão recuperados e disponíveis para escuta. Isso significa que 16 fonogramas aguardam ainda no futuro a identificação material. Mas 3 deles, gravados em 1922-23 e ainda inexplorados, foram relançados em 1929-30 e, portanto, seus conteúdos são conhecidos. Além dos registros sonoros, o leitor poderá acompanhar também as fichas catalográficas e as transcrições das gravações, fato importante para discernir as práticas sonoras e fonográficas de Batista Júnior. Além de conhecer a criativa obra deste artista popular, a coleção possibilita também ao ouvinte e ao leitor compreender melhor qual era a dinâmica da indústria fonográfica do período, quando ainda sondava inúmeras possibilidades de registros sonoros e explorava as possibilidades técnicas, culturais e comerciais com inúmeros artistas. Tudo indica que as habilidades de Batista Júnior colaboraram de maneira eficiente e inteligente para o desenvolvimento destas operações sonoras, abrindo um horizonte de possibilidades, ao mesmo tempo em que educava a escuta dos ouvintes para a nova cultura sonora que emergia.

Material transcrito e Fonogramas

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